Esse é um assunto complexo e não é meu objetivo dizer que existe apenas um método correto para saber o quanto cobrar na fotografia. Mas a ideia é compartilhar com vocês um pouco da nossa experiência.
Esse post serve também de base para você montar o Modelo de Negócio da sua empresa. Se ainda não leu sobre isso, vale a pena!
Existem alguns passos práticos que você precisa entender bem para estabelecer o quanto cobrar na fotografia.
1 – Cálculo dos custos fixos na fotografia:
O primeiro passo é fazer o levantamento de todos os custos fixos que você tem: aluguel do estúdio, luz, internet, telefone, seguro de equipamentos, etc. Por incrível que pareça, algumas empresas quebram porque não calcularam os custos fixos mensais. Esse passo é básico na gestão do seu negócio.
DICA IMPORTANTE: além dos custos fixos, coloque também uma retirada de lucro mensal, como se você fosse um empregado da sua empresa. O lucro do negócio poderá ser reinvestido, seja com propaganda, reforma do estúdio, contratação de mais funcionários, etc.
2 – Cálculo dos custos variáveis:
Se estivéssemos falando sobre a venda de um produto (como uma caneta por exemplo), um custo variável seria o custo da mercadoria vendida (CMV) e os impostos. Por exemplo: se cada caneta custa R$ 1 para ser produzida, o custo da mercadoria vendida no caso de 100 canetas é de R$ 100.
Como estamos falando de serviço, os custos variáveis são as despesas que temos com cada evento. Sem ter noção desses gastos fica difícil saber o quanto cobrar na fotografia.
Agora que você já sabe que precisa fazer os levantamentos dos custos fixos e variáveis, é hora de falarmos um pouco sobre depreciação.
3 – Depreciação de câmeras fotográficas e equipamentos.
Existem maneiras diferentes que as pessoas usam para calcular a depreciação do equipamento. Vamos citar duas:
3.1 – Você calcula o quanto gastou com seus equipamentos, e o quanto tempo eles duram. Se o investimento foi de R$ 10 mil, e o equipamento dura em torno 60 meses, então a depreciação será de aproximadamente R$ 167 por mês.
3.2 – Alguns fotógrafos estabelecem um percentual de 10% do faturamento bruto. Se o valor do casamento é R$ 100, separam-se R$ 10 para a compra de novos equipamentos.
Saber o quanto cobrar na fotografia de forma organizada depende também do cálculo de depreciação dos seus equipamentos! Afinal, a compra de apenas uma câmera pode gerar um rombo de 6 mil reais no seu fluxo de caixa, e isso não é nada bom.
4 – Estabelecendo alvos:
Essa etapa é importante para você determinar o quanto cobrar na fotografia, calculando todos os custos que já citamos anteriormente. Vamos considerar que você estabelecerá como alvo 5 casamentos por mês:
Custo fixo: R$ X.XXX
Custo variável: (número de casamentos) x 5 = R$ XX.XXX
Depreciação do equipamento: R$ XXX
Conclusão: se você colocar como meta 5 casamentos por mês, some todos os custos acima. O resultado você divide por 5. Agora você já tem uma ideia do quanto cada casamento vai te custar.
5 – Quanto um fotógrafo pode tentar lucrar?
Conversando com alguns fotógrafos, alguns procuram trabalhar com uma margem de lucro de 30%. Só que essa margem não é o quanto você está lucrando de fato. E por que não?
Se o custo total do seu casamento é de R$ 100, e você acrescenta R$ 30%, o preço de venda final é R$ 130.
O seu lucro real é o quanto os R$ 30 representam em cima de R$ 130. Se fizermos a conta, seu lucro real é de 23%.
Mas então quanto cobrar na fotografia se você quiser um lucro final de 30%? Sem entrar em muitos detalhes sobre fórmulas, para atingir um lucro de 30%, multiplique os custos totais por 1,42857:
R$ 100 x 1,42857 = R$ 142,857.
Agora sim você está tendo um lucro real de 30%.
Mas ainda não chegamos no valor final do casamento, pois como todo mundo, você precisa pagar impostos.
6 – Impostos na fotografia
Vamos partir do pressuposto que você é optante pelo simples, e que terá 6% de imposto sobre cada venda.
Precisamos primeiro dar uma dica muito IMPORTANTE: se você apenas acrescentar 6% em cima do valor final do casamento, você terá prejuízo. E por quê? É simples: se você vende um produto a R$ 100, e seu imposto é de 6%, a tendência é vender o produto a R$ 106. Só que o Governo vai cobrar o imposto de 6% em cima do preço total de R$ 106. Ou seja, sobraria para você apenas R$ 99,64. Em uma conta com valor baixo isso não faz diferença. Mas imagine uma empresa que fatura R$ 300 mil por ano!
Sendo assim, novamente sem entrar em muitos detalhes, multiplique o valor total do casamento (incluindo os custos fixos, variáveis, depreciação e margem de lucro) pelo fator 1,06383.
Vamos novamente ao exemplo de um produto que custa R$ 100. Basta multiplicar o valor do produto pelo fator:
R$ 100 x 1,06383 = R$ 106,383
Se fizemos a conta inversa, retirando os 6% de impostos, você tem seu ganho de R$ 100. Isso significa que na nota fiscal, o valor final teria que ser R$ 106,39, e não R$ 106 como pensávamos.
7 – Investimento Inicial
Não consideramos nesse post o quanto você gastou no começo da sua carreira com câmeras, lentes, acessórios, etc. Apesar disso, é importante (e sugerimos que faça) que se calcule o valor desse investimento inicial e que ele seja acrescentado em seu preço, de forma que, em “x” anos, você tenha o retorno sobre o seu investimento (ROI).
Em nossa consultoria para fotógrafos fazemos todo o trabalho de Projeção Financeira da sua empresa: análise de precificação, retorno sobre investimento, pesquisa de imagem com clientes para entender como eles reagem ao preço que você está cobrando, etc.
É isso! Agora você já tem uma ideia de como calcular os custos da sua empresa para saber exatamente o quanto cobrar na fotografia.